sábado, 2 de março de 2013

História da Capoeira
Origens da Capoeira
A capoeira, na sua mais completa definição e formação, nasceu no Brasil. Com início da colonização, os portugueses viram no trabalho escravo um instrumento para o desenvolvimento desejado. Tentaram, no começo, escravizar e explorar o trabalho dos indígenas que aqui já viviam, mas as características físicas e culturais, somadas à resistência ao trabalho cativo por parte dos índios, os levam à morte rápida no cativeiro. A saída encontrada pelos colonizadores foi a escravidão negra, o tráfico de homens negros, trazidos do continente africano para o início de grande saga que marcou a sociedade brasileira: o período das torturas, da lei da chibata e da morte como reguladora das relações de trabalho. Um povo passou a viver na escravidão.
Assim, já no início do século XVI, milhares de africanos foram desembarcados em terras brasileiras. Com eles, a história do país ganhou alterações. Inicialmente foram mão-de-obra nos canaviais e depois na mineração e em outras atividades produtivas. Foram trazidos contra sua vontade mas, naturalmente, trouxeram sua cultura, sua vivência e, com ela, a semente da liberdade que nunca morreu, mesmo na terra marcada pelos horrores da escravidão.
É claro que essa cultura não estava nas escolas, nos livros nem nos museus. Mas era guardada no corpo, na mente, na vivência histórica do povo e transmitida há séculos através das gerações. Manifestava-se por intermédio da música, da dança, da comida, da filosofia e da religião. Basta recorrer à história do Brasil e encontraremos, a partir do século XVI, a cultura negra presente com o seu vasto conjunto de expressões.
A origem do termo, que a maioria dos etnólogos acredita que seja originário do tupiguarani, “caa” significa mato e “puera” que foi mato. Diziam que quando o negro fugia ele ia para o mato, para a “capoeira”. Estima-se que a capoeira surgiu por volta de 1600, mas não se sabe ao certo se foi nas senzalas ou nos quilombos.
Nas senzalas, era praticada nos momentos de folga e para os senhores não desconfiarem de que aquilo era um combate, aliaram aos golpes, a ginga e a música.
Nas fugas para o quilombo, a capoeira foi muito útil para os escravos nas lutas contra os capitães-do-mato e capatazes. Os negros ficavam escondidos na mata, e quando os capitães chegavam, esperavam a hora certa para atacá-los. Nas batalhas para a destruição dos quilombos a capoeira também foi de grande valia para os negros.
A Resistência
Nenhum povo vive eternamente sob o jogo da escravidão sem se revoltar. Com o negro no Brasil não foi diferente. Suas primeiras reações contra o cativeiro foram as fugas e as revoltas individuais e desorganizadas. Com o tempo, sentiu a necessidade de organizar sua resistência contra o opressor e passou a planejar as fugas e a pensar as formas de luta que travaria para se libertar. Também entendeu que precisava de refugios seguros, longe ds fazendas, da polícia e capangas do branco escravocrata.
O Corpo Como Arma
Para realizar as fugas, o negro entendeu que prescisava lutar. Não tinha acesso a armas nem a qualquer outro recurso de guerra. Tinha apenas seu corpo e a vontade férrea de se ver em liberdade. Havia trazido da África lembrança de jogos e "dança das zebras", disputa festiva pelo amor de uma mulher. O próprio trabalho pesado dotava-lhe de força os músculos. Era preciso juntar e canalizar essa agilidade e força para a luta. A observação do comportamento de alguns animais brasileiros, particularmente o lagarto, a cobra e a onça, que atacam e defendem-se com destreza, ajudou na formação de um conjunto de movimentos que reuniu, então, a agilidade, a técnica e a força.
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Começaram a ser ensaiadas, inicialmente, as rasteiras, os pulos, as cabeçadas que iriam se desenvolver muito mais posteriormente.
O Nome
Tornou-se necessário praticar, treinar e organizar os movimentos conhecidos em forma de luta. Para isso era necessário afastar-se das vistas dos feitores e guardas das fazendas, engenhos e minas. Mais uma vez o negro encontrou na natureza esse apoio. Entrava nos matos próximos às senzalas para se esconder e se preparar para a luta. Escolhia o mato com poucas árvores e de ramagem baixa. Essa vegetação leva o nome indígina de "capoeira". Esse termo passou a designar também a forma de lutar e de adestrar o corpo utilizada pelo negro para enfrentar seus opressores: a Capoeira.
Arte - Dança - Música - Instrumento ...Louvo aqui meu berimbau mestre eterno de todo capoeira na senzala
ele avisava da chegada do feitor Berimbau avisou ê ô a chegada do feitor...
Mas, nem sempre era possível afastar-se para o mato para o ensaio da luta. Como o negro nunca deixou de praticar sua cultura, era comum, durante o período da escravidão, que se juntassem grupos de homens e mulheres para a cantoria, para a dança e mesmo para o culto aos orixás que também são saudados com ritmos e cantos. Como a Capoeira nasceu conjugado movimentos de danças, os encontros festivos ou místicos passaram também a ser mais uma oportunidade para a sua prática, já que esses encontros, principalmente os festivos, não eram reprimidos pelos donos de escravos. Assim a Capoeira ganhou o acompanhamento de cantos e ritmos que acabaram incorporados eram os disponíveis e já conhecidos pelo negro com destaque para o berimbau, o atabaque e o agogô. Mas foi o berimbau que ficou como uma espécie de símbolo da Capoeira já que o atabaque e o agogô integram a mitologia africana chegando mesmo, no caso do atabaque, a ser reverenciado como uma divindade. Desta forma, o berimbau, considerado o mestre dos mestres na Capoeira, ganhou importância nas lutas pelas suas possibilidades rítmicas e sonoras. Ganhou a função de comandar o jogo da capoeira com seus diferentes toques. Então, ao som dos instrumentos, palmas e cantorias, o negro recriava o seu universo cultural, cultivava o seu misticismo, alegrava-se ou lamentava-se e ainda se preparava para a luta.
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Primeiro registro sobre a capoeira. (Rugendas, 1824)
Os feitores e capatazes passavam ao lado da festança e acreditam ser apenas um encontro para a "dança de Angola", que recebia esse nome em função da nação africana que mais cedeu negros para o tráfico de escravos. Afastando-se os feitores, intensificava-se o treinamento e o negro aparelhava-se cada vez mais para lutar. Mesmo que um feitor parasse e ficasse admirando a dança, dificilmente compreenderia que aqueles movimentos, executados com leveza dos felinos e com a plástica de um bailarino, pudesse trazer, no seu conjunto, poderosos golpes desequilibrantes, traumatizantes e rápidos como o bote da temível cascavel.
As Fugas e os Quilombos
Mas a escrevidão continuava, o sangue do negro molhava as terras do Brasil ao mesmo tempo que sua força-de-trabalho movia a economia da então colônia portuguesa. Mas o negro não aceitava a condição de escravo nem os métodos desumanos da escravidão. Lutava, fugia, procurava ganhar forças junto a outros setores da comunidade, sensibilizava os chamados abolicionistas.
Em suas fugas utilizava-se da Capoeira para o enfrentamento com os seus opositores. Embrenhava-se no mato, procurava um lugar onde a água fosse boa e a terra generosa e que fosse de difícil acesso aos chamados "capitães-do-mato", homens encarregados de recapturar os negros fugitivos. Essas localidades, que agregavam geralmente um significativo número de homens e mulheres negros, ficaram conhecidos como "quilombos" e seus moradores como "quilombolas".
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Capitão do Mato a procura de escravos
foragidos. (Rugendas, 1824)
O mais famoso e importante quilombo da história brasileira foi o quilombo de Palmares, que surgiu no início do século XVII onde hoje se situa o atual Estado de Alagoas.
Esse quilombo ganhou importância pela sua organização interna, sua capacidade de resistência na guerra contra os escravocratas e pela eficiência de seus integrantes na produção de alimentos, roupas e posteriormente armas. Palmares resistiu a quase um século as agressões dos brancos.
Todo quilombo possuía um líder, o Ganga Zumba que, por sua vez obedecia a um líder maior, com influencias em vários outros quilombos, chamado Zumbi, um misto de homem-guerreiro e de deus da guerra. O mais famoso foi justamente o lendário Zumbi dos Palmares, hoje símbolo da toda luta e resistência contra todas as formas de injustiça e de opressão. Zumbi dos Palmares comandou os guerreiros de Palmares nos últimos anos de existência daquele quilombo.
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Estrategista habilidoso, guerreiro imbatível, instituiu a Capoeira no adestramento de seus homens. Palmares foi destruído em 1694 pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Zumbi conseguiu escapar vivo, mas tempos depois foi traído. Preso, foi decapitado e sua cabeça viajou quilômetros para assustar, intimidar os negros. Não adiantou. Os negros julgavam Zumbi imortal e a luta continuou...
A Abolição e as Dificuldades
Em 1888 ocorreu "Abolição da Escravatura". O mínino que se pode dizer é que a capoeira desempenhou importante papel para apressar o fim da escravidão instituída. Foi luta, foi resistência, foi instrumento que apavora os opressores. Reunidos em grupos, os negros formavam as famosas "maltas", conjunto de capoeiristas temíveis que investiam contra fazendas e engenhos para libertar outros negros. A capoeira convenceu, pelo medo, aqueles que insistiam em ver na escravidão vantagens econômicas, que o melhor seria a abolição.
Mas os problemas dos negros não terminam com a assinatura da Lei Áurea. A falta de trabalho, o difícil acesso à educação e mesmo a exploração dos que conseguiam alguma forma de emprego continuam existindo e marcam nossa história até os dias de hoje.
Os capoeiristas, após a abolição, encontraram mais uma vez na capoeira meio de sustento e instrumento de educação de seus filhos e apadrinhados. Faziam exibições públicas, participavam de apostas e desafios nos quais sempre se podia ganhar algum dinheiro. Continuou também como uma arma de defesa de uma camada social explorada e discriminada.
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Por outro lado, foi impossível barrar o surgimento de grupos que colocavam a capoeira a serviço de grã-finos e de políticos inescrupulosos que sabiam muito bem usar o povo contra o próprio povo. As Maltas menos esclarecidas eram utilizadas para desmanchar comícios, perseguir adversários políticos e desmanchar reuniões públicas. Consta até mesmo que, aproveitando-se da ilusão de que a princesa Isabel era protetora dos negros, os monarquistas criaram grupos de capoeiristas que atacavam os republicanos.
A Proibição
Perseguida a ferro e fogo durante a escravidão, a capoeira continuou sendo alvo dos poderosos mesmo após a abolição. Agora era com leis que tentavam dar-lhe um fim. O código penal de 1890, criado e imposto durante o governo de Deodoro da Fonseca, proibiu a prática da capoeira em todo o território nacional. O código foi reforçado com decretos que especificavam penas pesadas contra capoeiristas. A perseguição oficial somava-se o ódio de alguns chefes, chefetes e vassalos da polícia que tentaram, então, exterminar por completo a capoeira. O motivo só pode ser aquilo que ela traz na sua essência: A Liberdade.
E foi em nome da liberdade, agora não somente para o negro mas para a capoeira como um todo, que a luta continuou. E mesmo sob o ferro da repressão, grandes nomes de capoeiristas célebres passaram para a história como Nascimento Grande, Manduca da Praia, Natividade, Pedro Cobra e Besouro Magangá, entre outros. Mas é o nome desse último, Besouro nasceu na Bahia e ganhou esse nome devido à lenda que o cerca, atribuindo-lhe a capacidade de se transformar em inseto e fugir voando quando cercado por muitos homens armados. Sem usar armas, o famoso capoeira, bateu-se a vida toda contra a injustiça. Defendeu trabalhadores contra patrões desonestos, investiu inúmeras vezes contra a polícia para defender inocentes. Perseguido, nunca deixou-se prender. Nem as balas conseguiram acabar com ele. Foi vítima de uma arma mais poderosa: A Traição. Seu nome é glória na capoeira e símbolo de todo aquele que combate a injustiça e a desigualdade.
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Mesmo com toda perseguição, a Capoeira não foi extinta. Nos terreiros, nos quintais, no mato, ela continuou sendo transmitida de pai para filho, de amigo para amigo, de camarada a camarada. Continuou inclusive seu aperfeiçoamento, sua capacidade de dotar o corpo de condições perfeitas para todo o tipo de enfrentamentos. Sobreviveu aos diversos períodos ditatoriais pelos quais passou a República no Brasil.
Em 1932, no Governode Getúlio Vargas, o país enfrenta mais uma de suas inúmeras crises. Getúlio Vargas, político esperto, trata de agradar o povo com medo de sua possível revolta organizada. Sabia que a Capoeira estava latente no seio do povo e mandou que a liberassem. Impôs, porém, a condição de que ela fosse praticada apenas como folquedo, como "folclore", e que perdesse, assim, sua condição de cultura popular, de elemento utilizado pelo povo.
Da Angola Surge a Regional
Foi após a liberação que a história de Capoeira sofre uma profunda divisão. Continuou sendo praticada nas suas oringens, ainda com o nome de Capoeira de Angola mas perdia terrenos para outras formas e costumes que visavam atender a interesses econômicos, como o turismo, e interresses políticos para agradar autoridade plantão. Um nome que lutou a vida toda para preservação da Capoeira, como cultura popular, como herança histórica foi Mestre Pastinha - Vicente Ferreira Pastinha, chamado Mestre dos Mestres na Capoeira. Para Pastinha, a Capoeira era muito mais que luta, que esporte, era filosifia de vida.
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Mestre Pastinha
A grande marca da Capoeira de Angola é o seu apego à intuição, à capacidade do corpo de responder as necessidades, cultiva mais que a força, o reflexo e a malícia. Caracteriza-se muito mais pela defesa do que pelo ataque e perspicácia em perceber o melhor momento para os golpes fatais. Essas características dotam-lhe de grande beleza plástica e nas rodas, os movimentos parecem ocorrer em câmera lenta. Isso deu ao Mestre Pastinha a condição de ser chamado de "O Poeta da Capoeira".
Outro nome a respeito e importância dentro da Capoeira foi o Mestre Bimba - Manoel dos Reis Machado, baiano, criador da Capoeira Regional. Bimba aprendeu capoeira com um negro africano. Seu primeiro contato foi com a Capoeira de Angola. Tendo sido um excelente aluno, tornou-se rapidamente um exímio capoeirista. Preocupou-se com o aperfeiçoamento técnico da capoeira e foi o primeiro a tentar sistematizar uma linha para o aprendizado da luta. Passou a estudar os movimentos do corpo na capoeira, seu equilíbrio e a velocidade que precisavam atingir. Tomou contato com outras lutas, observou novamente as danças brasileiras. Juntou tudo isso e formou um mátodo de ensino no qual, antes de conhecer a capoeira propriamente, o aluno passa por uma série de exercícios físicos que lhe darão condições de jogo, e luta. Bimba foi absorvido, em grande parte, pelas idéias de transformar a capoeira em puro Esporte Nacional, sem associá-la a sua Essência História mas, nem por isso, deixou de prestar um grande serviço à Capoeira. Sua preocupação maior foi a de permitir que qualquer um, branco, negro, forte ou fraco, tivesse acesso ao aprendizado da Capoeira.
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Mestre Bimba
Pensando assim, em 1937 Bimba fundou sua famosa academia agora com todo um método de ensino. Não havia mais o improviso, nem o peso da intuição e da malícia. Com Bimba a Capoeira precisava ser treinada exaustivamente e o condicionamento físico passou a ser mais importante que a malícia e o reflexo. Com a incorporação de elementos de outras lutas, os golpes de ataque passaram a ter mais presença e importância do que os de defesa, a força ganhou mais destaque que a manha e a astúcia. Muitos dizem que a Capoeira Regional empobreceu a Capoeira, mas talvez esta não tivesse sobrevivido às perseguições se não fossem as inovações concluídas por Mestre Bimba. E nunca poderá ser negado que a Regional é uma evolução da Capoeira de Angola. E a Capoeira está viva.
Nos dias de hoje
Hoje, não sem luta nem sem esforços, a capoeira ganhou mais espaço e respeito. Sua força e importância são de tamanha grandeza que, mesmo diante de tantas perseguições, continua existindo e se multiplicando. São inúmeras as academias existentes no país e, em muitas, a preocupação com a preservação de sua integridade histórica é constante. Algumas, ao lado da regional, ensina-se também a capoeira de angola. Em toda academia que merece ser chamada de academia de capoeira são ensinados os cânticos, as músicas e letras e o domínio de, pelo menos, um dos instrumentos da capoeira.
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Um forte movimento social, juntamante com pedagogos, psicólogos e professores, vem desenvolvendo um trabalho sério no sentido de provar às autoridades que o ensino da capoeira é uma prática das mais adequadas para os estudantes brasileiros. O movimento visa à adoção da capoeira nas salas de aulas de educação física, nas escolas brasileiras.
Muitas escolas já adotaram no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. O argumento incontestável para essa adoção é o que a capoeira proporciona em termos de equilíbrio, concentração, aumento dos reflexos e de toda a coordenação motora. Além disso, o contato com a capoeira é um mergulho na história do país. Um incentivo para uma visão de mundo mais solidário e mais humana, no conturbado contexto de nossa sociedade atual.
Ilustrações
Nesta ilustração, de J. Wasth Rodrigues, inserida em O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis de Luís Edmundo, vemos um mestiço capoeira, numa atitude típica, agressiva, e preliminar, quando enfrentava um êmulo: ostentando entre a dentuça a choupa, e desvencilhando-se do manto de saragoça e do chapéu.
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Neste desenho de autoria de Calixto Cordeiro, extraído da revista "Cosmos", vemos um momento culminante da capoeiragem: dois mestiços engalfinhados numa luta titânica: enquanto um, empunhando a barbeira (navalha), estava na iminência de desfechar um rabo-de-galo (navalhada em sinuosa), o outro, desarmado, desferiu uma lamparina (bofetada na orelha), que desorientou, aturdiu, derrotou o adversário.
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Professor: Ronaldo  pereira  dos santos .
Monitor:   Ronaldo  reis
Associaçaõ de capoeira Esplanada arte.'

  

100%Esplanada arte capoeira.
Cerca de oitenta alunos, entre crianças e adolescentes, na faixa etária de 4 a 16 anos, participam das aulas de capoeira na comunidade de Esplanada, entre os bairros do timbó rua do cheiro  malombé  cidade de deus  mucambinho rua  vigilío ribeiro de araujo e jj seabra.
As aulas são ministradas pelo prof:Ronaldo Pereira e monitor:Ronaldo reis que realiza trabalho voluntário. O aprendizado dos alunos ocorre de segunda quarta e sexta nos horário das19:00 hás 21:30 .
 Nosso o objetivo e de ensinar a filosofia da capoeira é no sentido de tirar as crianças e jovens dos problemas sociais que afetam a localidade como o tráfico de drogas, entre outros.
- Além de ser um trabalho de informar a importância da capoeira, é também um ação social que realizamos sozinhos.
 E ainda  e chance de praticar a capoeira sem pagar nada. E o esporte pode fazer muito mais do que ensinar a competir, pode fazer algo a mais pela sociedade.
- Esse trabalho é também uma formação do cidadão. Nossa a ssociaçaõ foi fundada em 10-01-11.
Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos, sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes, guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer, Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.

Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos .Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte ".Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoerista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.

Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de prof. de capoeira ,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia .Segundo Mestre Pastinha , sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "A capoeira tem muitas coisas. Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte: tem seu dicionário e quarta parte; tem seu dicionário".

Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheco a capoeira, a capoeira é isso.Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."

Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos.Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.

Vicente Pastinha, foi filmado, fotografado , entrevistado, gravou disco e deixou um livro , a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira d'Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia , o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941.Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus , pandeiros e agogôs e principalmente , com os jogos que lá rolavam. Por fim, foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá , seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.O Mestre Pastinha não voltou, morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador
A ViDA                Mestre bimba
Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) filho de Luiz Cândido Machado e Maria
Martinha do Bonfim, nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador
Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua
mãe fez com a parteira que o " aparou " . Ao contrário do que a Mãe achava, a parteira
disse que iria nascer um menino, se fosse receberia o apelido de "Bimba" pôr se tratar, na
Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino. . A Prática Começou a praticar capoeira aos 12 anos de idade na estrada das Boiadas, hoje o Bairro
Negro da Liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação Baiana. Foi estivador
durante 14 anos e começou a ensinar capoeira aos 18 anos de idade no Bairro onde nasceu
no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existia academias como hoje e treinava-se nas
esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato. . O Surgimento da Regional Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido ao fato de os
movimentos eram extremamente disfarçados, mestre Bimba resolveu desenvolver um estilo
de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um
grande lutador, considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade,
introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz.
Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por
ser esta praticada única e exclusivamente em Salvador. . O Reconhecimento da Capoeira no Brasil A partir da década de 30, com a implantação do Estado Novo, o Brasil atravessou uma fase
de grandes transformações políticas e culturais, onde os ideais nacionalistas e de modernização
ficaram em evidência.Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que o
seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.
Em 1936 fez a 1º apresentação do trabalho e no ano seguinte foi convidado pelo governador
da Bahia,o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação do palácio do governador
onde estavam presentes autoridades e convidados, inclusive o presidente da época que gostou
muito da apresentação.
Dessa forma a capoeira é reconhecida como"Esporte Nacional" Mestre Bimba foi reconhecido
pela Sec. Ed. Ass. Pública ao estado da Bahia como Professor de Educação física e sua
academia foi a 1ª no Brasil reconhecida por Lei. . A diferença O que faz com que Mestre Bimba se destacasse do demais capoeiristas de sua época, é que
ele foi o 1º a desenvolver um sistema de ensino e a ensinar em recinto fechado. Além desse
sistema , ele elaborou técnicas de defesa Pessoal até mesmo contra armas . Mestre Bimba
preocupava-se demais com a imagem da Capoeira, não permitindo treinar em sua academia
aqueles que não trabalhavam nem estudavam. . A Morte Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, deixou a Bahia, sob
acusação de que os "Poderes Públicos" Jamais haviam o ajudado. Faleceu em Fevereiro de
1974 em Goiânia, vítima de um derrame cerebral. . Antigo Método de Treinamento de Bimba Mestre Bimba desenvolveu o 1º método de ensino que vemos a seguir como ele funcionava: • Exame de admissão Dizia-se que em outros tempos, Mestre Bimba aplicava uma "Gravata" no pescoço do
indivíduo que quisesse treinar e dizia "Agüenta ai sem chiar", Se agüentasse o tempo que
ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo
que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, Submetendo o
Candidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha
condição ou não para praticar a capoeira regional. A próxima fase seria aprender a
"Seqüência de Ensino". • O Aprendizado O aluno nesse fase aprendia o que se chamava "Seqüência de Ensino" que eram as oito
seqüências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque destinadas somente aos
iniciantes, simulando as situações mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de
capoeira. . Observação: Esse foi o 1º método de ensino criado para ensinas alguém a jogar capoeira e o calouro
treinava essas seqüências em duplas sem o acompanhamento dos instrumentos. Quando
estas estivessem bem decoradas o Mestre dizia: "Amanha você vai entrar no aço, no aço
do Berimbau". Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agarrado, não tinha como
reagir. Então mestre Bimba, com sua criatividade ensinava seus alunos quais eram as
melhores saídas.Todos esses ensinamentos faziam com que o método de mestre Bimba
fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses só então é que o aluno
seria batizado. . O Batizado O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos
instrumentos que era formado por 1 berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado
que jogaria com o calouro e então tocava o toque que caracteriza a capoeira regional, para
isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre
desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre
mandava o calouro pedir a "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado
que o batizou, receberia uma "Benção"(Golpe frontal dado com a parte inferior do pé
empurrando o adversário na altura do peito) que o jogava no chão. Era necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na Capoeira Regional. O
exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do
mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele. Durante 4 dias os alunos
eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos
durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flexibilidade e etc. No
último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos
golpes e também marcava o dia da formatura. . A Formatura A cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os
convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado
do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando
as músicas características da Regional.
Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralmente era um formado mais antigo
para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre. Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação
dos Formados) as madrinhas.O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do
Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus respectivos afilhados. A
partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a
sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreio" e o
"escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões. Para terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um
formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só
então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de
mestre Bimba, tendo direito até de jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que
é o toque (onde quem joga hoje são só os mestres) criado por ele para esse fim. A partir dai
só restava o curso de especialização que veremos a seguir. . O Curso de Especialização Tinha duração de 3 meses, sendo 2 na academia e 1 nas matas da Chapada do Rio Vermelho
Tratava-se de um treinamento de guerrilha, onde aconteciam as emboscadas, armadilhas e
etc., que consistia em submeter o formado a situações das mais difíceis, desde defender-se
de 3 ou mais Capoeiristas, até defender-se de armas. Terminado o curso, o mestre fazia a
mesma festa para os novos especializados, e estes recebiam o lenço vermelho a cor que
representava a nova graduação. O aluno que se formava ou se especializava, tinha a o dever
de pendurar um quadro com a foto mestre, do padrinho, do orador, e a própria foto. . Conclusão Mestre Bimba realmente foi o grande "propulsor" da Capoeira no Brasil mas , muitos dos
Métodos citados acima não são mais usados na verdade grande parte deles nao existe mais
a muito tempo mas, foram muitos úteis. Para nós Capoeiristas só resta dizer: Muito obrigado
ao Mestre Bimba
sistema de graduaçaõ do Esplanada arte.